a alimentação orgânica nua e crua

orgânicos:

por que consumir?

Ainda há muita confusão sobre o que é, de fato, um alimento orgânico. Há aqueles que acreditam que tem a ver com ser vegetariano ou mesmo vegano, mas não é bem assim. Existem todos os tipos de alimentos orgânicos: não apenas verduras, legumes e frutas, mas também carnes e até alimentos industrializados, como chocolate e bebidas alcóolicas.

 

Para que um alimento seja orgânico, ele precisa ser cultivado ou produzido sem o uso de substâncias que sejam prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Em outras palavras, alimentos orgânicos são livres de agrotóxicos, fertilizantes sintéticos solúveis, adubos químicos, hormônios, antibióticos, transgênicos, entre outras substâncias. Além disso, cada etapa do cultivo deve se basear no uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais.

 

Mas como saber se um alimento que compramos como “orgânico”, é orgânico mesmo? Após atender aos requisitos necessários, os produtoes precisam ser certificados e só então podem ser comercializados em feiras, supermercados e lojas especializadas.

 

O Projeto Verde Que Te Quero Bem, desenvolvido por alunos de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da USP, esclarece as muitas dúvidas sobre os alimentos orgânicos. Como eles são produzidos? São sempre mais caros que os produtos convencionais? Quem os consome? Onde os encontrar? Através de uma investigação pelo universo econômico dos orgânicos, nosso objetivo é desmistificar ideias e conceitos sobre o cultivo, a venda e o consumo desses alimentos.

os males

e os benefícios

a economia

por trás dos orgânicos

Nos últimos anos, tanto o consumo como a produção de alimentos orgânicos vem aumentando no Brasil e no mundo. Apesar de registrar altas taxas de crescimento, o nosso país ainda engatinha nesse nicho do mercado.

A Organics Brasil, órgão promotor de produtores orgânicos sustentáveis e fomentado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos dá um exemplo. A instituição afirma que nosso mercado representa apenas 0,71% da movimentação global de capital voltado a este tipo de produção - o que significa R$ 2,5 bilhões, em relação ao total de R$ 350 bilhões. O cenário econômico do cultivo e venda de orgânicos, no entanto, vai além. Para entendermos um pouco mais, separamos alguns dados que ajudam a entender qual é a situação do país na relação entre alimentos convencionais e orgânicos, além de relativizar a nossa posição em relação à escala global.

 

Mercado mundial

Em 2010, os Estados Unidos se tornaram o maior mercado de produtos orgânicos do mundo. O crescimento do setor no país tem sido intenso: entre 2004 e 2012, a venda de alimentos orgânicos teve um crescimento de US$ 11 bilhões para cerca de US$ 27 bilhões, segundo dados do Nutrition Business Journal. A Europa não vem muito atrás. Em 2008, os países da América do Norte tinham participação em 46% das vendas mundiais de alimentos orgânicos, enquanto as nações da Europa atuavam em 51% das transações. No Brasil, ainda que o mercado venha crescendo a taxas superiores às médias de países como os Estados Unidos e Alemanha, como indica a Organics Brasil, nosso país ainda precisa investir muito no setor para alcançar taxas semelhantes aos líderes do nicho. Para chegar lá, o mercado brasileiro precisaria crescer 1000% em apenas uma década.

 

Terras para plantar

Apesar de ser um país de extensão continental e com facilidades para o desenvolvimento da agricultura, o Brasil também está um pouco atrasado em relação às áreas de plantio reservadas para a prática orgânica. Segundo o último levantamento do Instituto de Investigação da Agricultura

 

 

Orgânica (FiBL) e da Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM), há 37,2 milhões de hectares de terras cultivadas em sistema orgânico no mundo. Segundo dados de 2008, o Brasil ocupa a 5ª colocação no ranking de países com maiores áreas ocupadas pela agricultura orgânica, com 1.770.000 hectares. Em primeiro lugar, estava a Austrália, país responsável por elevar a Oceania à liderança do ranking mundial de hectares destinados ao plantio orgânico, com 35% da área total no mundo.

 

Crescimento e incentivo

O apelo à agricultura orgânica vem se fortalecendo com mais força desde 2014, apesar de já estar em crescimento há mais tempo, quando as Nações Unidas passaram a destacar a agricultura familiar e seus benefícios sociais e econômicos. Estima-se que, em 2004, o setor movimentava US$ 29 bilhões no mundo, conforme a consultoria Organic Monitor. Em 2013, o mercado foi estimado em US$ 72 bilhões, ou seja, duas vezes e meia maior. No Brasil, a questão da agricultura familiar é bastante acentuada, já que pequenos e médios produtores são responsáveis por 90% da produção orgânica, enquanto os grandes produtores voltam-se principalmente para abastecer a mercado exterior, que movimenta cerca de US$ 136 milhões.

 

Orgânicos no futuro

Que o mercado brasileiro de alimentos orgânicos vem crescendo não há dúvidas. Há três anos, quando foram colocadas em prática regras que permitiam ao consumidor distinguir os alimentos orgânicos dos alimentos convencionais com mais facilidade, as taxas de crescimento dispararam. A Organics Brasil prevê que nos próximos anos, o país alcance níveis entre 30% e 35% de crescimento de mercado, ultrapassando um faturamento de R$ 3 bilhões. Em 2014, a receita foi de R$ 2 bilhões. Entre os entraves estão problemas como falta de logística e, principalmente, falta de insumos para a elaboração de produtos orgânicos de valor agregado, como aqueles de origem animal ou lácteos . Por um outro lado, a força motora do mercado de orgânicos somos nós, os consumidores.

 

por que pagar mais?

É fato que os produtos orgânicos tendem a ser mais caros, apesar de isso nem sempre ser realidade (confira nosso comparativo de preços). A pesquisa divulgada pelo Congresso técnico científico da engenharia e da agronomia de 2015 afirma que eles podem ser até 3 vezes mais caros que alimentos convencionais. Além disso, muitos orgânicos que são encontrados para venda são menores e mais “feios” que os outros alimentos.

 

Então por que existem pessoas que consomem orgânicos? A resposta geralmente está ligada à questões de saúde. Já é parte do senso comum que alimentos orgânicos são mais saudáveis e é comum ouvir que “o que você gasta com orgânicos será economizado em médicos e farmácias”.

 

Mas até que ponto isso é realidade? Analisamos algumas pesquisas científicas para esclarecer mitos e verdades sobre os alimentos orgânicos.

 

Os alimentos orgânicos são mais nutritivos que os convencionais?

A questão do valor nutricional é controversa. Há pesquisas que indicam que o valor nutricional é igual e pesquisas que indicam que os orgânicos possuem um valor nutricional melhor. O artigo de Denis Lairon, que conduziu um estudo na Agência Nacional pela Segurança Alimentar da França, mostra alguns benefícios dos alimentos orgânicos. Seu estudo durou de 2001 a 2003 e envolveu cerca de cinquenta especialistas de cada área específica.

 

Matéria Seca

No caso das folhas, raízes e tubérculos foi encontrado maior teor de matéria seca nos alimentos orgânicos do que nos convencionais. A matéria seca é a porção do alimento onde estão os nutrientes, ou seja, nesses casos o alimento orgânico é mais nutritivo. No caso de frutas e legumes, não houve grande diferença.

 

Macronutrientes

Também foram analisados os macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) de alimentos convencionais e orgânicos. A pesquisa não chegou a conclusões em relação aos carboidratos, pois seus níveis e os de amido eram muito baixos em alimentos orgânicos.

 

Já o estudo das proteínas obteve resultados diferentes. Os cereais orgânicos, em particular o trigo, apresentaram níveis mais baixos de proteínas, mas em outras medições apresentaram nível parecido.

 

Sais Minerais

Em relação aos sais minerais, as frutas convencionais e orgânicas obtiveram resultados parecidos. Nos vegetais foi observado maior nível de magnésio e ferro. Por fim, nos cereais não houve evidências de maiores níveis de sais minerais em nenhum dos dois tipos de alimentos, com exceção da cevada que apresentou maiores números de cálcio, cobre e zinco.

 

Vitaminas

A maioria dos estudos feitos foi sobre a vitamina C. Em relação à batatas, tomates e aipos, os orgânicos apresentaram maior grau dessa vitamina. Não foram encontradas diferenças no alho-porró, na cenoura e na beterraba.

 

 

Percebe-se então que alguns alimentos orgânicos possuem maior teor de determinados nutrientes, mas ainda é necessário que sejam feitos mais estudos para comprovar totalmente a sua superioridade nutricional em relação aos alimentos convencionais.

 

Para saber mais, confira o artigo Alimentos orgânicos e saúde humana: estudo das controvérsias

 

Até que ponto os agrotóxicos fazem realmente mal para a saúde humana?

Muitos estudos têm comprovado os malefícios causados pelos agrotóxicos. Separamos dois deles que chamaram nossa atenção: um feita pela Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e outro pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva).

 

Dossiê Abrasco: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde

Os dados apresentados no Dossiê Abrasco são preocupantes. O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) da Anvisa realizou uma pesquisa nos 26 estados brasileiros em 2011 cujo resultado foi que 63% dos alimentos analisados estavam contaminados por agrotóxicos. 28% dessa amostra tinha agrotóxicos não autorizados ou extrapolavam os limites de agrotóxicos permitidos para o alimento analisado.

 

Posicionamento do Inca sobre agrotóxicos

Em 2015 o Inca, órgão que apóia o Ministério da Saúde e é responsável pela prevenção e controle do câncer, divulgou seu posicionamento contrário ao atual uso de agrotóxicos no Brasil. A justificativa é que os agrotóxicos podem causar determinados tipos de câncer. A intenção do órgão é que essas substâncias sejam controladas e que alternativas à agricultura dominante sejam fomentadas.

 

No relatório foram diferenciadas as intoxicações agudas por agrotóxicos, que prejudicam principalmente trabalhadores agrícolas que têm contato direto com essas substâncias. Os sintomas citados são “irritação da pele e olhos, coceira, cólicas, vômitos, diarreias, espasmos, dificuldades respiratórias, convulsões e morte”. Já as intoxicações crônicas podem afetar a população em geral através da contaminação por doses baixas de agrotóxicos contidas nos alimentos e no ambiente. Ela tem como efeitos “infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer”.

 

O documento também também cita a monografia divulgada pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) que categorizou o herbicida glifosato, os inseticidas malationa, diazinona, tetraclorvinfós e parationa como possíveis causadores de câncer. O glifosato, a malationa e a diazinona são autorizados e largamente usados no Brasil.

 

Muitas pessoas podem, depois dessas informações, pensar “então não vou mais comer vegetais”. O relatório do Inca deixa claro que é importante que se continue comendo frutas, verduras e legumes, pois esses alimentos são importantes para se manter saudável e também porque há agrotóxicos em alimentos processados industrialmente, portanto essa prevenção não seria efetiva.

 

comparativo de preços

perfil do consumidor

3. A mão de obra também é cara pelo fato de que existe uma preocupação com a saúde e qualidade de vida dos trabalhadores rurais. Para que uma plantação seja certificada como orgânica, não é permitido que haja trabalho escravo e auditores conferem constantemente as hortas para impedir que isso aconteça. Além disso, como não são usados inseticidas e herbicidas, o trabalho que essas substâncias fariam matando insetos e ervas daninhas é feito manualmente, o que exige maior dedicação de tempo e trabalho.

 

4. Compra de insumos orgânicos certificados, para garantia de sua qualidade. Alguns dos insumos utilizados na agricultura orgânica são micro-organismos e organismos vivos para o controle biológico, fertilizantes feitos a partir da compostagem, fontes minerais de origem natural e micronutrientes para adubação e controle de doenças.

 

5. O mercado de orgânicos ainda é restrito. As questões acima deixam eles mais caros, o que afasta os consumidores pelo preço e também os agricultores, que têm vários desafios para plantá-los. Com a popularização, a tendência é que os preços diminuam.

 

O preço dos alimentos orgânicos é em geral mais alto do que dos convencionais. Os principais motivos para isso são os seguintes:

 

1. No caso dos produtos vendidos nos mercados, é exigida uma padronização dos produtos e ela sai cara. É necessária a confecção de embalagens, contratos de entrega e não remuneração caso os produtos não sejam vendidos. Além disso, existe a margem de lucro do supermercado e de possíveis intermediadores da venda além da do produtor agrícola.

 

2. A certificação dos produtos orgânicos é cara. Os produtores podem obtê-las através da certificação por auditoria, pelo sistema participativo de garantia ou pelo controle social na venda direta (saiba detalhes aqui). Independentemente da escolha do agricultor, essa certificação pode envolver gastos com burocracia e gastos para adaptar a plantação apta a receber o credenciamento.

 

 

 

Através uma pesquisa divulgada nas redes sociais, traçamos o perfil dos consumidores de alimentos orgânicos. 510 pessoas responderam a um formulário de perguntas, e como resultado, chegamos ao gráfico acima.

 

A pesquisa foi respondida, em sua maioria, por mulheres. A faixa etária predominante foi de 20 a 29 anos com renda familiar mensal acima de sete salários mínimos. Porém, a pesquisa também revelou que a minoria das pessoas consomem orgânicos constantemente, a maioria consome às vezes, e uma parcela menor não consome nunca ou raramente.

Além disso, perguntamos às mesmas pessoas a primeira palavra que lhes viam a cabeça quando pensavam em orgânicos. Como resultado, tivemos a nuvem de palavras abaixo.

políticas

públicas

Em 23 de dezembro de 2013, o então presidente Lula sancionou o marco regulatório da agricultura orgânica. A Lei Nº 10.831 estabeleceu oficialmente o que é um alimento orgânico e como deve proceder a produção deste tipo, incluindo a sua finalidade, para os padrões brasileiros. Leia abaixo os itens que regularizaram a atividade:

 

Art. 1º Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia nãorenovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente.

 

§ 1º A finalidade de um sistema de produção orgânico é:

I - a oferta de produtos saudáveis isentos de contaminantes intencionais;

II - a preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais e a recomposição ou incremento da diversidade biológica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema de produção;

III - incrementar a atividade biológica do solo;

IV - promover um uso saudável do solo, da água e do ar; e reduzir ao mínimo todas as formas de contaminação desses elementos que possam resultar das práticas agrícolas;

V - manter ou incrementar a fertilidade do solo a longo prazo;

VI - a reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo ao mínimo o emprego de recursos não-renováveis;

VII - basear-se em recursos renováveis e em sistemas agrícolas organizados localmente;

VIII - incentivar a integração entre os diferentes segmentos da cadeia produtiva e de consumo de produtos orgânicos e a regionalização da produção e comércio desses produtos;

IX - manipular os produtos agrícolas com base no uso de métodos de elaboração cuidadosos, com o propósito de manter a integridade orgânica e as qualidades vitais do produto em todas as etapas.

 

Diante do decreto, podemos perceber que houve um esforço para que a atividade orgânica não dissesse respeito apenas ao produto final, mas também a toda sua cadeia de produção e suas consequências socioeconômicas. Sustentabilidade foi a "palavra de ordem" para orientar a agricultura orgânica.

 

Na maioria dos países, um organismo com autoridade e devidamente habilitado atesta (por meio de um mecanismo da avaliação de conformidade) que o produto preenche os critérios de produção orgânica. No Brasil, a certificação fica por conta do IBD. Localizada em Botucatu/SP, a IBD atua em

mais de 20 países além do Brasil, como Argentina, Chile, Bolívia, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Uruguai, Costa Rica, Guatemala, Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Holanda, Alemanha, Portugal, Espanha, França e Itália.

 

Assim como em nosso país, a criação de um marco regulatório foi fundamental em escala global para o crescimento do consumo de alimentos orgânicos, e o consequente aumento de produção. Nos Estados Unidos, principal mercado do gênero, foi após a regulamentação, também no início dos anos 2000, que a atividade sofreu um "boom". De acordo com um relatório emitido pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), órgão das Nações Unidas, o aumento do consumo de alimentos orgânicos nos EUA se deu ao ponto de o país norte-americano ter que aumentar suas importações, e consequentemente frear esse movimento com uma série de certificações para proteger o produtor estadunidense.

 

Já a Alemanha, segundo maior mercado consumidor mundial de orgânicos, sofre com um processo diferente. Enquanto as vendas triplicaram, a área de plantação ficou estagnada em pouco mais de 6% da plantação nacional, o que representa cerca de 20 mil propriedades rurais. E esse número deve diminuir, já que muitos produtores sofrem com o custo do plantio de orgânicos. Apesar disso, as certificações alemãs são sinônimo de credibilidade para os consumidores e, em muitos casos, são um diferencial na hora da compra de orgânicos.

 

O mais famoso deles, o “Bio-Siegel”, foi introduzido em 2001 e certifica se os alimentos possuem pelo menos 95% de ingredientes de origem biológica. Segundo um estudo realizado em 2012 pela Universidade de Goettingen, 72% dos consumidores da Alemanha possuem consciência desse selo. Além disso, o estudo demonstra que o “Bio-Siegel” é até mais reconhecido do que a certificação orgânica estabelecida pela União Europeia.

 

Mas quem mais se beneficia com a falta de produção em território alemão são os produtores estrangeiros. A Argentina, segunda maior exportadora de alimentos orgânicos no mundo, é a prova disso. O interesse comercial argentino por essa fatia do mercado surgiu em meados dos anos 1980 e, em 2009, o país já possuía mais de 4 milhões de hectares voltados para produções orgânicos.

 

Nesse processo todo, alguns fatores explicam o sucesso da Argentina na exportação de produtos orgânicos, como as condições agroecológicas encontradas no país e também a regulamentação adequada de muitos produtores, que estão em conformidade com as normas do Codex Alimentarius, uma coletânea de regras internacionalmente reconhecidas e que são desenvolvidas por uma comissão estabelecida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) da Organização das Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

 

 

evolução

O Brasil é um dos países com maior potencial para a produção orgânica, já que possui diferentes tipos de solo e uma ampla variedade de climas, além da rica biodiversidade.

 

Final da década dos 90

Os brasileiros começam a conhecer os benefícios dos alimentos orgânicos em relação aos convencionais. A consciência desse consumidor começa a ser mais exigente com o que coloca no prato. Da safra do ano 1999 para 2000, a produção da laranja apresentou um aumento de 233%, a soja, um aumento de 120% e o açúcar, de 50%. Essa foi a resposta à demanda interna e externa dos alimentos orgânicos nesse momento. Essa mudança de crescimento se mostra no quadro a seguir:

 

 

 

 

Fonte: Banco do Brasil

2014

As Nações Unidas destacam as vantagens socioeconômicas da agricultura familiar, e no Brasil prevalecem unidades produtivas pequenas, podendo ser assim um mecanismo de desenvolvimento dos produtores.

 

2015

O Brasil é o países com maior consumo de produtos orgânicos da América Latina, embora ao redor de 50 e 70% deles são exportados (soja, café, açúcar ou frutas).

 

Atualidade

O setor cresce de 30 a 40% por ano (como fala Organics Brasil) porcentagem muito maior do que no resto do mundo (10%), embora o Brasil somente representa menos de um 1% da produção e consumo total. Por isso, se enfrentam desafios como as cadeias de fornecimento limitado de ingredientes, pouca mecanização e pouco incentivo à competitividade. Essas são algumas das razões pelas que as empresas dedicadas a alimentos orgânicos só chegam a um 1,8% do total.

 

 

 

2003

Até esse ano, não tinha uma lei específica para a comercialização de produtos orgânicos. No entanto, ao final do ano se criou a lei mais importante para os orgânicos no Brasil, a Lei 10.831/03. Nela, se rige a produção, o processamento e a comercialização dos productos orgânicos no país. Define exigências a ser cumpridas pelos produtores, processadores e comercializadores desses produtos.

 

2004

Depois dessa lei, e graças às associações e feiras livres, nesse ano a IFOAM (Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica) indica que o mercado brasileiro vai crescendo na venda de orgânicos. As vendas aumentaram principalmente no sul do país, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

 

2009

Se cria a Instrução Normativo 19/2009, a qual trata dos mecanismos de controle e informação da qualidade orgânica. Envolve o acesso dos produtores aos mercados e a participação da sociedade no controle da qualidade.

 

 

 

 

 

 

 

onde encontrar

quem somos

Gabriel Carvalho, João Henrique Furtado, José Miguel Martínez, Nina Turin, Stella Bonici e Victória Pimentel.

 

Entusiastas da alimentação saudável e estudantes de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), realizando um trabalho para as disciplinas "Projetos em TV" e "Jornalismo Online", respectivamente ministradas pelas professoras Mônica Rodrigues Nunes e Daniela Oswald.